New York, New York...
Hoje ao ver o blog da Vera, que está quase de partida para um ano fantástico em Inglaterra (Au Pair, claro está), dei por mim a reviver uma série de memórias e sentimentos que já há muito tempo estavam guardados na minha gaveta das recordações. Decidi soltá-los cá para fora e tornar a dar-lhes vida.
Lembro-me que antes de embarcar na aventura que se tornou, até hoje, a melhor da minha vida; sentia um misto de emoções e de nervosos miudinhos por todo o meu ser. Quando apanhei o avião em Lisboa e me despedi das pessoas mais importantes da minha vida, senti um arrepio e uma onda de medo a invadir-me e pensei: "Meu Deus!!! Que loucura tão grande!!! O que raio é que eu estou aqui a fazer? E se me fizerem mal? Eu nem sei falar quase nada de Inglês, eu não conheço ninguém. E se ficar doente...QUERO VOLTAR PARA CASAAAA!". Estes foram os pensamentos que fizeram com que, no avião a caminho da melhor cidade do mundo - NOVA YORK - eu me desfizesse, literalmente, em lágrimas e soluços.
Os primeiros 3 meses, os tais de adaptação, foram os piores que me lembro até hoje. Chorava todas as noites, sentia-me sozinha, não percebia quase nada da língua e era tudo tão estranho e diferente do meu mundinho em Portugal. Eu que NUNCA andava sozinha, nem para ir à casa-de-banho, vi-me obrigada a tal. E digo-vos uma coisa... CRESCI, cresci muito enquanto pessoa; aprendi muita coisa; cometi muitos erros; descobri limites; desvendei mistérios; provei e experimentei cores, cheiros e sabores; conheci muita e muita gente; viajei por entre culturas e religiões diferentes; soube dar valor, ainda mais, ao que tinha e a quem tinha na minha vida; tornei-me uma pessoa mais autónoma, confiante, segura e aventureira; senti que estava a viver a vida à minha maneira, sem medos nem pressas, apenas com a emoção e entusiasmo do presente e do agora. Passeei muito, descobri lugares e paisagens que nunca na vida pensei descobrir. Libertei-me. Conheci-me e dei-me a conhecer a pessoas que, ainda hoje, continuam a fazer parte da minha vida.
Saí da minha zona de conforto e só aí me descobri integralmente.
Fiz amigos para a vida, que me marcaram e que partilharam comigo bons e maus momentos.
Conheci pessoas novas, diferentes, com outras ideologias e pontos de vista que, sem elas darem por isso, acrescentaram valores em mim e contribuíram, um pouco, para me tornar na pessoa que hoje sou.
Posso dizer, com um sorriso no rosto e com o coração cheio, que todas as pessoas que por mim passaram, deixaram em mim a sua marca. E hoje tenho imenso orgulho em dizer que, algures no mundo, tenho uma amiga Chinesa, Tailandesa, Peruana, Australiana, Brasileira, Italiana, Francesa, Sul Africana, Budista, Evangelista e por aí fora; e que graças a elas o meu mundo ficou mais completo e colorido. =)
No fim, quando a hora da despedida chegou, com ela chegaram as lágrimas da saudade: dos que irei rever e dos que irei deixar. E este momento sim, posso dizer que é doloroso. Sabemos que há pessoas que nunca mais iremos ver, outras com quem nunca mais iremos falar; sítios onde não voltaremos a estar e lugares onde não iremos regressar.
E é nesta altura que abençoamos todos os momentos vividos até então e todas as alegrias e tristezas partilhadas que irão ficar eternamente na memória de quem as viveu e que lembra constantemente que...aqui e ali fomos tão felizes!!!!
Não deixem que o medo vos impeça de tentar e aproveitem cada momento como se fosse o único.
* Portanto Verita...Força nisso! Vai correr tudo bem e quando regressares, regressarás de bagagem cheia e alma rejuvenescida!!!! BOA SORTE E...HAVE FUN!!! :)